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“Robson estava a fazer as malas para ir embora*

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Pinto da Costa contou, em mais um episódio da série “Ironias do destino”, o processo de contratação de Bobby Robson e lembrou uma fase célebre que ele tinha, assim como o primeiro título conquistado..ao Sporting, que o havia dispensado!

Contratação de Robson acabado de sair do Sporting: “Tínhamos ficado sem treinador [Ivic] por motivos de saúde e familiares. Tinha uma grande admiração pelo Bobby Robson e tinha sido despedido do Sporting em pleno avião, no regresso de uma viagem, ele nem percebeu. Foi o Mourinho, que era adjunto dele, que lhe disse. Com um amigo meu, recentemente falecido, o António Laranjeira, fomos a casa dele, nos arredores de Lisboa. Até andámos perdidos. Ele estava a fazer as malas para ir embora. A mulher estava em Inglaterra. Conversámos e disse que estava ali para o convidar. Ele disse que ia para Inglaterra que nunca pensava que pudesse acontecer o que se passou. Depois de duas horas de conversa, convencemo-lo a admitir a hipótese de ficar. Falou umas dez vezes com a mulher, que não queria, e acabou por ser ele a convencer a mulher. O que é certo é que o metemos no carro, viemos para cima e no dia seguinte de manhã ele era treinador do FC Porto. No domingo seguinte estreou-se num jogo com o Salgueiros para a Taça. Depois, teve uma passagem muito boa, excelente, em que viveu períodos de muita felicidade. E nós também.”

“Metemos Bobby Robson no carro e no dia seguinte era treinador do FC Porto”

Carlos Gouveia

A contratação de Bobby Robson, em 1994, foi recordada, no programa “ironias do destino”, por Pinto da Costa.

2 horas a convencer Robson: “Tínhamos ficado sem treinador [Ivic] por motivos de saúde e familiares. Tinha uma grande admiração pelo Bobby Robson e tinha sido despedido do Sporting em pleno avião, no regresso de uma viagem, ele nem percebeu. Foi o Mourinho, que era adjunto dele, que lhe disse. Com um amigo meu, recentemente falecido, o António Laranjeira, fomos a casa dele, nos arredores de Lisboa. Até andámos perdidos. Ele estava a fazer as malas para ir embora. A mulher estava em Inglaterra. Conversámos e disse que estava ali para o convidar. Ele disse que ia para Inglaterra que nunca pensava que pudesse acontecer o que se passou. Depois de duas horas de conversa, convencemo-lo a admitir a hipótese de ficar. Falou umas dez vezes com a mulher, que não queria, e acabou por ser ele a convencer a mulher. O que é certo é que o metemos no carro, viemos para cima e no dia seguinte de manhã ele era treinador do FC Porto. No domingo seguinte estreou-se num jogo com o Salgueiros para a Taça. Depois, teve uma passagem muito boa, excelente, em que viveu períodos de muita felicidade. E nós também”.

Frase que ainda hoje recorda: “Ele era muito engraçado. Dizia uma coisa que ainda agora recebo mensagens a recordar: acabava um jogo e se o FC Porto jogava bem ele diz ‘presidente, bom jogo, bom jogo’. Se jogava mal e ganhava, ele dizia: ‘three points’. Os three points é que eram fundamentais. Houve uma curiosidade, porque ele foi despedido de uma maneira um pouco estranha do Sporting e estava muito sentido, e o primeiro troféu que ganhou foi contra o Sporting, na Taça de Portugal. Foi a célebre final que presidiu a ministra Manuela Ferreira Leite e que os nossos jogadores quando subiram à tribuna para receber a taça foram bombardeados com garrafas e pedras, mas não deixaram de ir lá. Num ato de coragem próprio dos dragões. Mas há que assinalar também a coragem da ministra que aguardou serenamente no meio daquele bombardeamento e entregou ela mesmo a taça. Não foi fácil porque choviam pedras e garrafas de todo o lado.”

“Vingança” ao Sporting: “Curiosamente, também contra o Sporting, foi em Alvalade que ele se sagrou campeão pelo FC Porto, embora não fosse o último jogo. Os dois primeiros títulos em Portugal: um foi contra o Sporting em Lisboa e o outro em Alvalade.”

Ainda sobre o ano de 1194, Pinto da Costa contou … a história das retretes:

Penhora da retrete das Antas: “Foi um processo ridículo em que se quis afrontar o FC Porto. Tínhamos um problema com a Segurança Social e o ministro, que ficou conhecido como o ministro das retretes. O Eduardo Catroga mandou fazer uma penhora ao FC Porto, penhorou várias coisas, inclusive a retrete do balneário do Estádio das Antas. Isto é de uma mesquinhice, uma estupidez tão grande, que ainda hoje é conhecido como o ministro das retretes. Fez parte dos altos cargos da EDP, como pessoa creio que está bem na vida, mas como ministro teve esse ato infeliz. Resolvemos mostrar a nossa força e decidimos que não pagávamos. Houve um consenso e bom senso para evitar o ridículo. Às vezes na brincadeira dizia aos árbitros para terem cuidado: ‘se precisarem de fazer as necessidades essa retrete é do Catroga’. Só por muita mesquinhez é que se pode vir ofender qualquer entidade hipotecando uma retrete.”

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