Pinto da Costa revelou uma história que poucos conheciam. Corria o ano de 1984 quando um jovem chamado Paulo Futre mudou a vida, para muitooooooo melhor.
O extremo que era “suplente dos juniores do Sporting” ia ser emprestado ao Casa Pia ou Académica e acabou desviado para o Dragão.
A contratação teve ares de “vingança” e meteu “problemas psicológicos” ao barulho.
“O meio-campo da nossa equipa que jogou em Basileia [final da Taça das Taças] era muito forte: tinha o Frasco, o Pacheco e o Sousa. E o Sporting teve um plano para tentar destruir o FC Porto, levando os três jogadores do meio-campo, ou seja, o coração da nossa equipa. Conseguiram levar o Pacheco e o Sousa, porque na altura existia uma lei muito engraçada, em que o jogador não precisava de acabar contrato, nem havia cláusula de rescisão. Quem invocasse problemas psicológicos, podia deixar o clube. Por exemplo: estava a jogar no FC Porto e queria ir para o Belenenses, dizia que psicologicamente não tinha condições para trabalhar aqui por não ir com a cara do presidente e estava feito. E foi assim que fizeram. Só não conseguiram o Frasco, a quem fizeram uma proposta ainda maior que aos outros, porque ele não aceitou de maneira nenhuma. Manteve-se sempre fiel ao FC Porto e continuou. Perante aquilo, falava-se que o FC Porto não reagia e eu disse que não o faríamos por jogadores que não precisávamos”.
“Curiosamente, tinha visto um FC Porto-Sporting em juniores na pista, atrás de uma baliza, e na segunda parte entrou um miúdo na equipa do Sporting, que era o Futre, mas eu não sabia quem era, que partiu tudo. Fiquei maluco e perguntei para mim quem era aquele miúdo e como não jogava. Disseram-me que era o Futre, um rapaz do Montijo, e eu disse que ele seria um génio. Diziam-me que ele nem era titular e eu disse: o que ele é, não sei. Agora, o que ele vai ser, eu sei. Perguntei a situação e ele estava para ser emprestado. A dúvida era se ele ia para a Académica ou o Casa Pia. Então, se era assim, seria fácil. Psicologicamente também não tinha condições para o Sporting e invocava a lei, porque um jogador que estava para ser emprestado ao Casa Pia tinha mais do que razões para não se sentir psicologicamente bem lá. E assim foi. Falámos com ele, foi o saudoso Domingos Pereira quem foi esperá-lo à famosa porta 10 depois de um treino, meteu-o num carro e ainda nessa noite, às 2h00, estava nas Antas a assinar pelo FC Porto. É uma figura querida no FC Porto e foi um dos maiores génios do futebol português. Se fosse hoje, era jogador para estar a ser disputado pelos clubes mais poderosos do mundo“.