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Fonte: ABOLA.PT
Em entrevista aos órgãos oficiais do FC Porto, divulgada esta terça-feira no site dos dragões, Luís Gonçalves reage às «polémicas que têm assombrado a edição 2023/24 do campeonato nacional», sublinhando que «os critérios não estão a ser iguais» e pedindo «respeito».
O vice-presidente e administrador da SAD dos azuis e brancos frisa ainda que apenas sendo «muito melhores do que os outros» é que o FC Porto pode «ganhar», deixando ‘bicadas’ aos rivais de Lisboa.
Leia a entrevista completa de Luís Gonçalves:
– Nos instantes iniciais do FC Porto-Rio Ave houve um penálti assinalado sobre Evanilson que foi posteriormente revertido. Considera que foi uma decisão incorreta do videoárbitro?
«Nós não consideramos, temos a certeza. O grande problema desse lance, para além de nos ter sido retirado um penálti que provavelmente seria golo, como na maioria dos casos acontece, é nós termos percebido que não foram dadas ao árbitro todas as imagens de que ele precisava para tomar uma boa decisão. É isso que nos preocupa. Só Fábio Melo sabe a razão por que não mostrou a imagem por trás, onde se vê que há realmente um toque. Causa-nos muito espanto que isso possa ter acontecido. O que leva Fábio Melo a não mostrar todas as imagens a António Nobre? É uma pergunta que fica no ar e à qual ainda ninguém respondeu. Sentimos que efetivamente nos foi subtraído um penálti e impediram-nos de conseguir mais dois pontos, o que criou uma pressão na equipa e criou-nos desconfiança nas decisões da equipa de arbitragem. Foi um caso demasiado complicado para que nós possamos ter confiança no VAR Fábio Melo, que aliás já tem uma história com o FC Porto. Quando fomos campeões [2021/22], em Braga, num campeonato em que não tínhamos derrotas, perdemos lá com o videoárbitro Fábio Melo a não dar qualquer indicação a Hugo Miguel nos primeiros trinta minutos para ver dois penáltis claros que toda a gente considerou. No final, fui expulso e não me esqueço de que, quando me deu cartão vermelho, disse-me “agora mete providência cautelar”. Isto são coisas que me atormentam e preocupam. Há alguns árbitros que tratam mal o FC Porto e isso não vamos continuar a permitir. Basta, para que isto não se repita. Em 2024, começou no Boavista com Manuel Oliveira e um lance claro de penálti, um empurrão claro nas costas do Eustáquio, mais uma vez o VAR não chamou o árbitro, que no início da segunda parte teve um comportamento pouco adequado quando o jogador falou com ele, insinuando que se atirou para a piscina e perguntando que piscina teria em casa para treinar aquele tipo de saltos. Isto é grave. No espaço de um mês, o FC Porto tem quatro pontos a menos e outros têm quatro pontos a mais. Nós sabemos em que jogos foram. Um deles foi tão grave que o Conselho de Arbitragem se sentiu na necessidade de emitir um comunicado.»
– Refere-se ao jogo Casa Pia-Sporting.
«Exatamente. Quem estava como VAR? O famoso Hugo Miguel. Mais uma vez Hugo Miguel esteve envolvido nesse lance. Depois pediram desculpa, mas não serve de nada. Traduziu-se em mais dois pontos que o Sporting teve e ninguém lhos retira. Por outro lado, nós temos menos quatro. Isto, no final do campeonato, pode ser decisivo. Já tivemos isto no campeonato anterior. No jogo em casa com o Gil Vicente, o FC Porto teve um jogador expulso por intervenção do VAR Tiago Martins, uma decisão incorreta que nos tirou o jogador da partida e aí perdemos três pontos. Terminámos o campeonato com menos dois pontos do que o primeiro classificado. São factos. Só queremos que nos respeitem, não queremos nenhum favor. Queremos que se lembrem de que os nossos jogadores são profissionais dignos que trabalham diariamente para chegarem ao dia do jogo e terem bons desempenhos, que não podem ser postos em causa por decisões deste tipo.»
– Ainda em relação ao Sporting, há um jogo em Faro que venceram perto do fim por margem mínima.
«Foi uma vergonha. Foram decisões todas tomadas num determinado caminho. Não sei se se recordam, o jogador do Farense é expulso aos 18 minutos num lance dúbio, quando muito seria amarelo, mas é uma decisão que até podemos dizer que aceitamos. Temos o Hjulmand, que tem segundo amarelo claro, toda a gente viu menos o árbitro e o assistente. O Rúben Amorim, claro, chegou ao intervalo e tirou o jogador. No final, quando o jogo estava em 2-2 e provavelmente não haveria mais golos, há um lance do Marcus Edwards que o árbitro Luís Godinho considera grande penalidade de forma inacreditável. Mais inacreditável ainda é que não sabemos o que Manuel Mota estava a fazer e porque não conseguiu ver. Devia ter dito alguma coisa e não disse. São quatro pontos que o Sporting tem a mais. Basta!»
– No caso do Benfica, Fábio Melo cumpriu a função de VAR no Benfica-Famalicão e nesse jogo houve um penálti por assinalar sobre um jogador do Famalicão.
«Não foi assinalado e o VAR também não estava lá, estava esquecido. Não sei se é um problema de família nesse caso, mas o VAR Fábio Melo tomou a decisão que tomou, não sabemos porquê. Está 1-0, é um penálti claro por empurrão do Tomás Araújo. O Benfica ganhou 3-0 por causa desse lance, marcaram depois mais golos, mas esse lance faria o 1-1. São decisões fáceis, só que quando estão a apitar o FC Porto essas decisões não aparecem da mesma forma. O Benfica tem jogado contra dez muitas vezes. Nos jogos em casa, tem sempre acontecido alguma coisa que faz com que os jogadores adversários levem sempre segundo amarelo. Aconteceu com o Aderlan Santos, do Rio Ave. O resultado estava 1-1 e há o segundo amarelo quando o primeiro foi mal mostrado, toda a gente sabe disso. No jogo com o Boavista, o golo do Benfica nasce de uma falta do Morato que não foi assinalada. Ninguém viu. São coisas que se vão acumulando e que fazem a diferença. Olhamos para a classificação e dizemos “ah, o FC Porto está a sete pontos”. É inacreditável e esta não pode ser a verdade do campeonato. Com todos estes casos do campeonato, não pode ser a verdade do campeonato. Alguém tem de olhar para isto e pensar no que se está a passar. Os nossos jogadores estão revoltados com o tratamento que têm, como é o exemplo dos cartões amarelos mostrados ao Francisco Conceição, que são inacreditáveis. Não pode fazer nada que é amarelo. Noutros casos, como o do João Neves, que tem uma proteção como há uns anos o Pizzi tinha. Não tem amarelos, pode ter as entradas que tiver e é sempre o empenho, há sempre palavras para desculpar. O Benfica tem 39 amarelos, nós temos 63 com o mesmo número de jornadas, é inacreditável. O que temos de diferente? A cor das camisolas? Só pode ser isso. Não faz sentido, os critérios não estão a ser iguais. Os árbitros são diferentes e vemos onde são diferentes. O presidente já foi falar com o Conselho de Arbitragem, mas não chegou. Nós estamos a ficar cansados. O Conselho de Arbitragem tem de estar atento. Os nossos jogadores não vão deixar de lutar, porque isso está no nosso ADN, mas são inteligentes e percebem o que se passa. Sentem-se injustiçados.»
– Qual é a opinião sobre as análises de arbitragem na imprensa escrita e audiovisual?
«No início, ainda acreditei que algumas pessoas eram diferentes, mas o tempo levou-me a perceber que estava errado. Alguns deles pergunto a mim próprio onde apitaram, falam como se fossem pessoas com uma capacidade brutal de arbitrar. Não conhecia o Jorge Faustino, não sei onde apitou. Quem é o Marco Pina? A única coisa que sei é que foi candidato pelo PSD a uma junta de freguesia. Gosta de falar como se fosse um indivíduo que sabe tudo. O Pedro Henriques conheço bem, eu estava na equipa B quando ele ainda estava a tentar subir na carreira. Em Sandim, uma vez, expulsou-me depois de uma agressão brutal ao Ricardo Costa que ele não viu, mas eu nunca esqueci. O Duarte Gomes começou muito bem, mas depois começou a descambar. Não me esqueço do passado dele.»
– Espera que algo mude até ao final da época?
«A única coisa que nos pode levar a ganhar é sermos muito melhores do que os outros. Nós continuamos a acreditar e vamos dar luta até ao fim. É isso que podemos prometer aos nossos sócios e simpatizantes. Aqui dentro, desde o presidente ao treinador e jogadores, estamos empenhados em continuar a demonstrar que somos a melhor equipa. Continuem a apoiar-nos porque isso é decisivo para continuarmos a lutar por bons resultados.»
Fonte: ABOLA.PT
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