Foi em 2002/2003 que concretizou o sonho de jogar num dos maiores clubes do mundo, o Barcelona. Quando aterrou na Catalunha, era um dos nomes para formar a nova equipa dos culés, juntamente com Ronaldinho Gaúcho e Saviola. O Harry Potter da Catalunha, como foi apelidado por Laporta, encantava o mundo com os seus dribles desconcertantes, mas a sua passagem pelo clube não teve o impacto que o presidente e o jogador desejavam, tendo feito apenas 28 jogos e marcado um golo. Descontente, decidiu dar um rumo diferente à sua vida e aceitou trocar o Barcelona pelo FC Porto. Em boa hora o fez, pois foi ao serviço dos dragões que viveu os grandes momentos da carreira, com muita magia à mistura, deliciando os adeptos azuis e brancos.
Agora os dois clubes encontram-se novamente na Liga dos Campeões e A BOLA falou com o homem das famosas trivelas sobre a vivência que teve nos dois emblemas e, ao mesmo tempo, sentiu o pulso da identidade de ambas as instituições. «Em termos de nome, o FC Porto é grande, mas o Barcelona é aquele clube que qualquer jogador sonha em jogar. Para mim foi um orgulho ter jogado nos dois, mas como já disse o Barcelona foi sempre o meu sonho chegar lá. Uma das coisas que mais me arrependi, e me deixa um nó na garganta, é o facto de não ter conseguido triunfar no Barcelona. Pessoalmente, era o meu sonho. Se fizesse no Barcelona o que fiz no FC Porto estaria junto dos grandes num patamar para ganhar uma Bola de Ouro. Mas a vida é assim, vamos tendo oportunidades e agarras ou não agarras e não há que lamentar isso. Agora, fico feliz porque consegui realizar o meu sonho e também joguei no FC Porto, que não deixa de ser um grande clube e onde fui muito feliz, onde me receberam muito bem. Por isso, como jogador e pessoa posso dizer que sou feliz e grato pela oportunidade que Barcelona e FC Porto me deram para vestir as duas camisolas», confessa.
Mas, então, o que difere ou é similar na cultura de duas regiões como Barcelona e Porto? Quaresma fala do assunto com conhecimento de causa. «Quando se entra em cidades como Barcelona e o Porto nota-se logo que são diferentes das outras. Barcelona é Catalunha, querem ser um país e não uma cidade e logo aí nota-se que a mentalidade das pessoas é diferente. E o Porto é aquilo que todos sabemos, é uma cidade totalmente diferente de todas as outras que temos em Portugal. As pessoas vivem para o clube, respiram o clube, não veem outra coisa que não seja o clube. É o que digo muitas vezes: para conseguires triunfar no FC Porto tens de ter muita personalidade, pois a exigência é tanta. Às vezes há muitos jogadores, não é que não tenham qualidade, mas não aguentam essa pressão toda… Em Portugal, o FC Porto é diferente dos outros clubes», analisa.