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CAMPEÕES E DESCAMPEÕES

Pinto da Costa fez a assinatura habitual da revista Dragões, com uma crítica à imprensa portuguesa e farpa aos rivais de Lisboa.

Não é por acaso que esta altura do ano é muitas vezes designada ‘silly season’. Este é mesmo o tempo das estupidezes. O tempo em que uma parte da imprensa, para tentar alimentar e ser alimentada pelo que julgam ser a maioria dos adeptos, procura transformar os campeões em descampeões e os descampeões em campeões. Chegados a este verão, em condições normais, diríamos que existe uma equipa que se encontra numa situação desportiva em que todas as outras gostariam de estar: é campeã nacional, venceu a Taça de Portugal, vai disputar a Supertaça, está qualificada para a Liga dos Campeões e vai ser cabeça de série na competição de clubes mais importante do mundo. Essa equipa é o FC Porto, o campeão do que interessa. As outras são descampeãs”.

Mas o verão é longo, e a lata de alguns é tão grande que não têm problema nenhum em tentar virar esta realidade ao contrário. Para esses, neste momento o FC Porto já é descampeão, porque alegadamente está a perder – como perde sempre, para eles – o ‘campeonato’ do mercado. Curiosamente, na melhor imprensa internacional, que não tem paixões em relação ao futebol português e procura ver as coisas como elas são, o FC Porto é um exemplo por ter um modelo de negócio claro há muitos anos: formar ou comprar barato e depois tentar vender caro. É claro que nem sempre todos os negócios correm bem nem todas as apostas se revelam acertadas, mas o balanço é largamente positivo. Isto, claro, é o que consegue ver quem olha para o futebol português a partir de fora e sem o interesse em transformar campeões em descampeões”.

Esta história é muito longa, mas basta campeões e descampeões recuarmos aos últimos cinco anos. Desde que temos o Sérgio Conceição como treinador, o FC Porto nunca foi campeão da ‘silly season’ e foi sempre atacado pelos mesmos e com os mesmos argumentos: vendia mal, contratava mal e tinha um plantel com pouca qualidade, enquanto os rivais de Lisboa estavam prontos para temporadas extraordinárias. No final dessas épocas, o FC Porto ganhou mais vezes do que os outros e ganhou o que interessa: o campeonato a sério, que dá uma taça verdadeira, daquelas que vão para os museus. É por isso que encaro o presente com otimismo e até com algum divertimento. Enquanto muitos se distraem a enterrar-nos, vamos trabalhando para conseguir daqui a um ano o que conseguimos ainda há um mês. E para que voltem a fazer de nós descampeões, mesmo sendo campeões”.

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